terça-feira, 20 de julho de 2010

Fangio, o sequestro em Havana

Fulgêncio cumprimenta Fangio, provavelmente antes do sequestro, nos treinos... ou não.

Algumas horas antes da largada do II Grande Premio de Cuba, em 24 de fevereiro de 1958, Fangio, o melhor piloto do mundo, foi sequestrado pelo movimento guerrilheiro "26 de julho", comandado por Fidel Castro a partir de “Sierra Maestra”.
"Desculpe, Juan, mas vai ter que me seguir." disse o guerrilheiro na noite anterior ao Grande Premio. Foi no saguão do Hotel Lincoln, em Havana, quando o guerrilheiro interrompeu sua conversa com os mecânicos. Amparado por uma pistola calibre 0,45, ele o obrigou a segui-lo até a rua onde um carro estava esperando. "Eu estava esperando o guarda tirar sua arma para jogar-me ao chão, como em filmes de ação", lembrou Juan Manuel Fangio mais tarde.
Nenhum tiro, Alejandro D'Tomasso, um dos corredores, fez um movimento, mas o guerrilheiro disse: "Cuidado... abrirei fogo se você se mover novamente”. D'Tomasso estava muito preocupado com a situação "Eu pensei que aquelas pessoas estavam dispostas a qualquer coisa", diria mais tarde.
O guerrilheiro ainda repetiu: "Outro movimento e eu mato!", frente aos movimentos desconfortáveis de Stirling Moss, outro grande corredor presente.
Marcelo Giambertone, manager de Fangio, lembraria, durante as horas do sequestro, a confiança dele em vencer a corrida e a coragem que mostrou: "... veio o homem da jaqueta de couro, e acho que o menos nervoso de todos foi Juan Manuel. Ele sempre mostrou nervos de aço, até sorriu quando o ameaçaram com uma pistola ...". Com a arma nas costas, sem violência mas com firmeza, foi forçado a sair e embarcar num Plymouth preto, enquanto outros cúmplices, também armados, cobriam a retirada.
Lhe disseram que se fossem descobertos as balas colocariam em risco a vida de todos, Fangio então pediu um gorro porque achava que poderiam identificá-lo pela "careca", mas não tinham nada, aí se acomodou encolhido no piso do carro. Foi então que se deu conta que o sequestro era real, pois no principio pensava que era uma réplica à uma brincadeira feita com Giambertone (veja a piada).
Ele ainda não havia sido libertado quando a corrida foi interrompida por um acidente, o carro do piloto cubano Armando Garcia Cifuentes derrapou numa curva e arremeteu contra os assistentes, resultado: seis pessoas morreram e trinta e duas ficaram feridas! A prova foi interrompida (na quinta volta), tendo sido declarado vencedor Stirling Moss. (veja no vídeo o acidente).
A prova abria o calendário do campeonato mundial de carros esporte e contava com a presença de pilotos de F-1, o britânico Stirling Moss, que também deveria ter sido sequestrado segundo o plano dos guerrilheiros, Phil Hill, Jo Bonnier, Carroll Shelby, o francês Maurice Trintignant, entre outros. Fangio correria com uma Maserati 450S e tinha feito o melhor tempo nos treinos, enquanto que Moss pilotaria uma Ferrari. A Maserati 450 S, com que ele correria era propriedade de um americano, e já tinha corrido na Venezuela, e embora no domingo (a corrida foi numa segunda-feira, não me perguntem porque), 23 de fevereiro, Fangio tivesse estabelecido o melhor tempo no treino classificatório, o carro tinha alguns problemas.
Até a hora da largada da competição o destino de Fangio era ignorado.
O motivo do sequestro foi político, pois com o ato Fidel queria chamar a atenção do mundo para o que estava acontecendo em Cuba. Fulgêncio era (e ainda é) chamado por alguns de ditador, mas na verdade era um desses presidentes que por meios lícitos ou ilícitos permanecem no poder “ad aeternum” como Getulio Vargas, Hugo Chávez, Evo Morales, etc..., e foi finalmente derrubado do poder em 1 janeiro de 1959 pelo movimento liderado por Fidel Castro, esse sim depois de assumir o poder se transformou num ditador, mas não cabe à esse modesto Blog tecer comentários políticos, muito menos julgar fatos que se passaram já há tempos e em terras tão distantes.
Em 1959, Fidel Castro, que liderou a Revolução Cubana contra o presidente Fulgencio Batista, não era comunista, aliás, os comunistas apoiavam Batista e não confiavam em Fidel. Fidel Castro mobilizou a juventude cubana e lutou contra o analfabetismo (que era de 40 %), realizou a reforma agrária, desapropriando propriedades de americanos, que eram indenizados pelo valor declarado no Imposto de Renda do exercício anterior, muito abaixo do valor real, é claro, provocando descontentamento entre os proprietários mais ricos, o que levou os EUA a considerarem o líder cubano um inimigo. Cortaram então a compra de açúcar cubano, levando Fidel a se aproximar da União Soviética e dois anos mais tarde instaurar um regime de orientação marxista e partido único.
Anos depois, Fangio declarou ter sido muito bem tratado pelos seqüestradores durante os dias em que ficou em poder deles. Em 1992, quando Fangio esteve no Brasil, fez esse comentário: Eles queriam derrubar a ditadura, mas acho que acabaram implantando outra...”
 

Consultem também:


Matéria publicada no semanário cubano “Zig-Zag” de 15 de março de 1958

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Silverstone

Domingo tem mais uma etapa do campeonato de F1, será na reformada pista de Silverstone.
Nesta temporada, Alain Prost, Emerson Fittipaldi, Damon Hill, Heinz-Harald Frentzen, entre outros, já atuaram como comissários nas provas, no GP de Silverstone na Inglaterra, será a vez do campeão mundial de 1992, Nigel Mansell.
Em abril postei viral do Santander: um video mostrando uma volta "on board" com Martin Brundle no carro F1 de 2 lugares pelo novo traçado (veja aqui).
Pela proximidade da corrida de F1 aí vai um video de uma prova do "FIA GT3" de 2010 já no novo circuito.

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